quinta-feira, 30 de abril de 2009

As subespécies de Pterospartum tridentatum (Fabaceae) «carqueja»

A Flora Iberica admite três subespécies de «carqueja» (Pterospartum tridentatum) em Portugal continental. A subsp. tridentatum tem uma distribuição litoral. As outras duas subespécies - subsp. lasianthum e subsp. cantabricum - dominam no interior.
Uma das questões que mais tem preocupado os fitossociólogos ibéricos tem sido a localização da fronteira entre as regiões biogeográficas Mediterrânica e Eurossiberiana. As subspécies subsp. lasianthum e subsp. cantabricum são extraordinariamente úteis na diferenciação destes dois territórios. A primeira subespécie tem uma distribuição mediterrânica; a segunda é eurossiberiana e, por conseguinte, com uma marcada preferência por territórios de macrobioclima temperado.
As duas subespécies Pterospartum tridentatum são fáceis de distinguir: as flores da subsp. lasianthum são ligeiramente maiores, de um amarelo um pouco mais escuro e o estandarte - a peça superior e de maior dimensão da corola - tem pêlos no dorso. O estandarte da subsp. cantabricum é glabro, i.e. não tem pêlos.

Pterospartum tridentatum subsp. cantabricum (Fabaceae) «carqueja»
N.b. estandarte sem pêlos [foto C.Aguiar]

Pterospartum tridentatum subsp. lasianthum (Fabaceae) «carqueja»
N.b. estandarte com pêlos no dorso [foto C.Aguiar]

Experimentem quando forem à Serra da Estrela ou atravessarem o Marão colher flores de carqueja num transecto W-E. Por exemplo, no Marão, a transição entre as duas subespécies praticamente coincide com a linha de festo da montanha: subsp. cantabricum para oeste, subsp. lasianthum para leste.

3 comentários:

  1. Que interessante a carqueja portuguesa, a floração é muito bonita. E a divisão das sub espécies é na linha de cumeada pelo que entendi. A biogeografia é mesmo um assunto interessante.

    Saudações !

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  2. Fitossociologia 1-0 Botânica clássica...And they don't give up...

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  3. Nos topos da Serra da Lousã fomos ver, com a expectativa de encontrar ou subsp. tridentatum, litoral, ou já a subsp. cantabricum, dada a altitude. O que encontrámos foi a subsp. tridentatum, indiciando a oceanidade destas serra temperadas com relevo discordante em relação ao litoral. O que não será de admirar, dada a proximidade do mar e a direcção dos ventos dominantes, que transportam massas de ar ricas em vapor de água.
    Saudações geobotânicas!

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