sexta-feira, 24 de abril de 2009

Cytinus hypocistis (Cytinaceae)

Cytinus hypocistis é uma das plantas parasitas mais fáceis de identificar e de encontrar em Portugal continental. Os Cytinus emergem do solo nos primeiros meses da Primavera, geralmente próximo do colo de estevas (Cistus sp.pl.) e sargaços (Halimium sp.pl.), muitas vezes disfaçados sob a manta morta de folhas secas, negras e encarquilhadas que recobre o solo dos estevais.
Estas plantas não têm clorofila: alimentam-se das substâncias orgânicas e dos minerais produzidos ou bombeados do solo pelos seus hospedeiros. As flores do C. hypocistis  são relativamente grandes, de pétalas amarelas e unissexuais. Agrupam-se em cachos densos semelhantes a capítulos (capituliformes). Nas inflorescências as flores externas são femeninas e as internas masculinas.
As Floras tradicionais colocam o género Cytinus nas Rafflesiaceae, a família da maior flor do mundo, a Rafflesia arnoldii. Recentemente, Daniel L. Nickrent, o mentor do"The parasitic plant connection" (vd. http://www.parasiticplants.siu.edu/) descobriu que afinal os Cytinus, e a sua família Cytinaceae, são evolutivamente próximos da tropical Muntingiaceae e das Thymelaeaceae, a família do conhecido trovisco (Daphne gnidium). Os parentes próximos da Rafflesia são outros, mas ainda não está esclarecido quais.
O ovário do Cytinus hypocistis tem um líquido mucilaginoso comestível, assim o dizem os pastores da região de Bragança. Em Trás-os-Montes chamam-lhes «pútegas»; um  bom trunfo para recuperar uma assembleia adormecida numa daquelas longas conferências de divulgação de botânica ou de conservação da natureza ;-) 

Cytinus hypocistis (Cytinaceae) [foto C. Aguiar]

6 comentários:

  1. Numele este de frumoasă, şi a instalaţiei este chiar mai frumos!

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  2. Pútegas é um nome bem engraçado! Também já ouvi falar em pútegas de raposa, outra designação bem curiosa!!

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  3. Tenho 66 anos e há muito que desejava encontrar esta "planta". Em miúdo quando acompanhava meu avô com o gado, comi muitas destas florescências e pelo que me lembro era um doce muito bom, talvez aparentado com o mel.

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  4. Na Beira Alta também são conhecidas por pútegas. Fazem cobiça pela côr viva e delicada. No meu tempo de miudo toda a canalha conhecia e procurava as pútegas.

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  5. Muito boas, que saudades eu tenho, aqui no Litoral não há nada disso.

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