sábado, 31 de outubro de 2009

Eryngium maritimum e E. pandanifolium (Apiaceae)

Chega de Eryngium! Encerro esta série de posts com o conhecido E. maritimum, espécie comum em dunas embrionárias, primárias e secundárias, de norte a sul do país:

Eryngium maritimum (Apiaceae) «cardo-marítimo» [Lourinhã, Praia da Areia Branca]

... e com o E. pandanifolium, uma infestante alóctone dos nossos arrozais (e.g. vales do Mondego, Sado e Tejo), indígena do Brasil e Argentina:

Eryngium pandanifolium (Apiaceae). N.b. cada uma das "bolinhas" da inflorescência é, na realidade, um capítulo de flores; o E. pandanifolium é um helófito (= planta anfíbia), i.e. embora viva em zonas húmidas, a maior parte dos seus orgãos aéreos (folhas, caules e flores) emergem acima da água [Paris, Jardin des Plantes]

Impressiona como um género moderadamente diverso (ca. 250 espécies) inclui plantas de ecologia tão diversa (e.g. águas livres pouco profundas, solos temporariamente encharcados, margens secas de caminhos, comunidades efémeras de plantas anuais não nitrófilas e dunas)!
[fotos C. Aguiar]

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Convergência evolutiva: Eryngium (Apiaceae), Daucus (Apiaceae) e Carlina (Asteraceae)

Costumo, logo na primeira aula teórica da disciplina de botânica que lecciono na minha escola, mostrar três desenhos, de três espécies indígenas de Portugal, extraídos da maravilhosa "Flore Complète Illustrée de France, Suisse et Belgique", de Gaston Bonnier:

Daucus carota (Apiaceae)

Eryngium campestre (Apiaceae)

Carlina vulgaris (Asteraceae)

Depois pergunto: qual a espécie evolutivamente mais próxima de Eryngium campestre? Geralmente, o srs. alunos defendem que Eryngium é um parente mais próximo de Carlina, do que de Daucus, porque ambas as espécies são espinhosas. Diz o o inverso - que Eryngium é evolutivamente mais próximo de Daucus - algum repetente, ou o aluno mais avisado que percebe que a pergunta se destina a explorar os conceitos de analogia e homologia .

Os livros escolares do 3º ciclo, ou do secundário, bem podiam divulgar exemplos de convergência evolutiva (ver conceito aqui) no reino das Plantas. É tempo de substituir o eterno exemplo das asas do morcego e da ave.

domingo, 25 de outubro de 2009

Eryngium corniculatum (Apiaceae)

Nas charcas temporárias com água livre até à entrada do Verão é frequente um outro Eryngium, o E. corniculatum.

Eryngium corniculatum (Apiaceae) [Miranda do Douro, Fonte da Aldeia]. N.b. ao fundo, no canto superior esquerdo, Mentha cervina (Lamiaceae), outra planta característica de charcas com águas livres até ao estio; próximo do canto inferior direito observa-se uma inflorescência de Polypogon maritimus (Poaceae)

Eryngium corniculatum (Apiaceae) [Miranda do Douro, Fonte da Aldeia]. As flores de Eryngium estão organizadas em inflorescências tipo capítulo, ao contrário da grande maioria das Apiaceae que possuem umbelas compostas.

O E. corniculatum é um excelente bioindicador do habitat prioritário Rede Natura 2000, "3170 Charcos temporários mediterrânicos".

Página de rosto da ficha do habitat "3170 Charcos temporários mediterrânicos" realizada pela ALFA-Associação Lusitana de Fitossociologia para o Plano Sectorial Rede Natura 2000 (clicar aqui para obter a ficha completa).

[fotos C. Aguiar]

sábado, 24 de outubro de 2009

Eryngium viviparum (Apiaceae)

Todos os anos visito uma certa charca na Serra de Nogueira para rever o Eryngium viviparum. Este ano foi terrível para as plantas anuais adaptadas a solos temporariamente encharcados. Mesmo assim o E. viviparum conseguiu cumprir o seu ciclo biológico, e produzir sementes.

Eryngium viviparum (Apiaceae) [foto C. Aguiar]

O E. vivaparum é um endemismo, de distribuição muito pontual nas fachadas atlânticas de Portugal, Espanha e França. Em Portugal estava há muito citado para três localidades nos arredores do Porto (e.g. Sr. da Pedra, Vila Nova de Gaia). Os terrenos localizados a norte de Leça da Palmeira (Matosinhos), hoje ocupados pela refinaria de petróleos do Cabo do Mundo, deveriam ser particularmente favoráveis a esta espécie. Muito botânicos percorreram nos últimos 15 anos, sem sucesso, os arredores do Porto em busca do E. viviparum. As populações douro-litorais foram certamente extirpadas pela enorme pressão urbanística e industrial a que os arredores do Porto estão submetidos.
Deambulava eu um dia, solitariamente, pela Serra de Nogueira quando dei de caras com uma pequena depressão húmida em rochas básicas, provavelmente construída pelos serviços florestais, ao longe assinalada por pequenos tufos de Juncus effusus. Amarrei-me, como se diz em Trás-os-Montes, e detectei, por entre as plantas de Mentha pulegium (Lamiaceae), as pequeninas e características folhas e inflorescências espinhosas de um grácil Eryngium anual. Como tive a sorte de observar, pela mão da Prof. Dalila do Espírito-Santo, o E. galioides no Algarve, a identificação foi imediata: E. viviparum.
Depois de uns pulos de alegria, de umas fotos e da cuidadosa colheita de 2 exemplares, estendi-me num tapete de Agrostis x fouilladei (Poaceae) com uma palhinha nos dentes a usufruir o sol ameno do início de Verão na montanha , e questionei-me. Como aparece o E. viviparum em Trás-os-Montes? Ainda por cima numa charca artificial? É possível que tenha viajado, de charca em charca, deste tempos imemoriais por esta Serra. A ser verdade os biólogos dirão que o E. vivaparum tem uma dinâmica metapopulacional na Serra de Nogueira. Porém, nunca vi outra população de E. viviparum por estas bandas! O mais provável é que uma ou mais sementes tenham sido acidentalmente transportadas por uma ave, a partir das populações do vizinho Lago de Sanábria. O mais sério candidato para este serviço de dispersão será o pato-real (Anas platyrhynchus). Desde que não seja pertubada esta espécie nidifica facilmente em pequenos charcos, ainda que secos no Verão.
Agora todos os cuidados são poucos. É essencial que os serviços oficiais tomem conhecimento da localização da única localidade portuguesa de E. viviparum, e que se preocupem com a sua conservação. É fácil. Basta deixar estar como está, e não estragar.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

APG III

Acaba de ser publicado, no Botanical Journal of the Linnean Society, uma nova versão, a terceira, do sistema de classificação das plantas com flor do Angiosperm Phylogeny Group.
Aqui está o cladograma que resume as relações evolutivas entre as ordens aceites pelo APG III:

Extraído de APG III ( An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III, Botanical Journal of the Linnean Society 161, 105–121, 2009)

Tentarei descascar a coisa nas próximas semanas, se conseguir.

sábado, 17 de outubro de 2009

Colchicum autumnale e Merendera pyrenaica (Colchicaceae)


Mais duas plantas bubosas de floração outonal, desta feita duas monocotiledóneas da família Colchicaceae:

Colchicum autumnale (Colchicaceae). N.b. não confundir Colchicum com Crocus (vd. aqui), os Crocus têm os estiletes e estigmas alaranjados e muito ramificados, enquanto em Colchicum são brancos e inteiros.

Merendera pyrenaica (Colchicaceae). N.b. tépalas a emergirem, individualizadas, do solo.

Embora possam conviver no mesmo biótopo, a M. pyrenaica prefere solos mais pobres e ácidos do que o C. autumnale.
As floras tradicionais colocam ambas espécies na família das Liliaceae. O APG I pulverizou as Liliaceae em numerosas famílias, dispersas por duas ordens, Liliales e Asparagales.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Leucojum autumnale (Amaryllidaceae)

Serão os polinizadores suficientes para satisfazer a procura na Primavera? Eis uma pergunta natural, lógica, parece-me. As nossas Primaveras são tão carregadas de flores, com tantos tipos de corolas, estames e pistilos, em resumo de flores, todas misturadas, encavalitadas umas nas outras, a competir pela atenção dos insectos polinizadores!
Muitos autores, de facto, admitem que o serviço polinização é particularmente escasso nas regiões com florações concentradas numa estação do ano. No mediterrânico, a combinação calor, água no solo e elevada radiação solar, só ocorre na Primavera. Por isso, as maiores taxas de crescimento das plantas verificam-se na Primavera, e a Primavera é a estação das flores.
No Verão falta a água, há que perseverar reduzindo as perdas do precioso líquido por evaporação. Produzir flores custa água: geralmente não compensa os riscos. Nos biótopos húmidos (e.g. margens de cursos de água), pelo contrário, produzir flores tardiamente, no estio, é uma boa estratégia para conseguir muitos e bons polinizadores.
Florir no Outono, hipoteticamente, seria uma boa solução para escapar à intensa competição primaveril por polinizadores. No Outono voltam as chuvas, e os dias ainda são amenos, pelo menos durante a tarde. Porém, florir no Outono envolve sérios riscos, porque o Inverno está aí, ao virar das esquina. Os polinizadores preparam a sua retirada de cena e podem escassear, a geada pode destruir as flores, e o calor (e a luz) pode ser insuficiente para a maturação de frutos e sementes. Não surpreende por isso que as plantas de floração Outonal sejam escassas nas nossas latitude. Aqui está uma das mais interessantes, o Leucojum autumnale, uma planta bulbosa relativamente frequente em Portugal continental, por exemplo em bosques perenifólios:


Leucojum autumnale (Amaryllidaceae) [Foz do Tua, Carrazeda de Ansiães; foto C. Aguiar]

domingo, 11 de outubro de 2009

Três notas sobre o castanheiro (Castanea sativa, Fagaceae) II

Castanea sativa 'Longal'

Castanea sativa 'Judia'

A 'Longal e a 'Judia' são as variedades de castanha mais cultivadas no NE de Trás-os-Montes. A primeira é uma castanha alongada, com poucas penetrações (envaginações da camisa na semente), um "marron", portanto, de sabor muito agradável e de fácil conservação. Por tudo isto, é a variedade regional mais procura pela indústria (a camisa é fácil de retirar) e a mais exportada para o Brasil (consegue resistir ao uma travessia de barco debaixo do inclemente sol tropical). A 'Judia' é uma castanha de grande calibre, carnuda, óptima para consumir em fresco. No ano passado, no início da estação, chegou a ser paga a 2,5 euros/kg, ao produtor.

O futuro da cultura do castanheiro está ameaçado. Por dois conjuntos de razões. Em primeiro lugar é expectável uma redução dos preços nos próximos anos, porque o castanheiro está em franca expansão na Turquia e na China. Embora a castanha portuguesa seja particularmente saborosa, a castanha estrangeira, depois de assada, congelada ou transformada a marron-glacé, será difícil de distinguir da nacional. Quanto vale a diferença de sabor? Muito pouco, provavelmente! E tanto os comerciantes, como os consumidores, são economicamente racionais!

Picnídios - estrutura reprodutiva assexual, em forma de pera, com um orfício para o exterior, no interior do qual se formam esporos assexuados, os picnidiósporos - de Cryphonectria (Endothia) parasitica (Fungi, Ascomycota), um fungo, agente causal do cancro-do-castanheiro. N.b. pequenos picnídios vermelhos a emergirem de uma fenda na casca, de um ramo, de um castanheiro.

Castanheiro com sintomas de tinta, uma doença radicular causada pelo "fungo" Phytophthora cinnamomi (Chromalveolata, Oomycetes). N.b. árvores saudáveis ao fundo.

As doenças, particularmente a tinta do castanheiro e o cancro, são duas outras ameaças sérias à cultura. A tinta controla-se com o uso de porta-enxertos resistentes, híbridos de C. crenata x C. sativa. O cancro combate-se com a aplicação de oxicloreto de cobre na parte intermédia da copa, ao abrolhamento. As consequências económicas das doenças no castanheiro, e a necessária reconversão dos soutos, embora com menos gravidade, recordam a crise da filoxera (uma praga radicular) e do míldio na vinha (uma doença tradicionalmente combatida com sulfato ou oxicloreto de cobre), no final do séc. XIX (vd. aqui).
[fotos C. Aguiar]

sábado, 10 de outubro de 2009

Três notas sobre o castanheiro (Castanea sativa, Fagaceae) I

Choveu finalmente em Trás-os-Montes (NE de Portugal). Ano desgraçado, este. Noutros tempos significaria fome; hoje, desde que haja água na torneira ...
A produção e a qualidade da castanha depende, em larga medida, das trovoadas de Verão. As chuvas de Verão engrossam a castanha, e aumentam o número de frutos férteis por ouriço. O castanheiro foi uma das culturas mais sacrificadas por este ano de seca. Nos soutos abundam as fulecras (frutos sem semente, a parte comestível da castanha, vd. aqui), a produção será fraca.

Muitas árvores mergulham verticalmente no solo raízes profundantes, especializadas na absorção de água, em busca dos lençóis freáticos. As fagáceas são vedoras particularmente eficientes; nos montados, por exemplo, em pleno Verão, por entre as ervas crestadas pelo sol e pela seca, os sobreiros e as azinheiras mantêm, frequentemente, os estomas (pequenos orifícios na superfície das folhas e dos caules verdes) abertos, transpirando grandes quantidades de água. A precipitação invernal é também essencial para o castanheiro - conforme se pôde perceber este ano - porque as águas subterrâneas acumuladas durante o Inverno sustentam as árvores durante o Verão.
Os castanheiros vivem tempos difíceis. Além do escasso reabastecimento dos lençóis freáticos nos últimos Invernos, as águas subterrâneas estão a ser activamente bombeadas para consumo público, ou rega. Consequentemente, muitos castanheiros dos soutos situados nas partes mais altas dos termos das aldeias (= território de uma aldeia) estiveram sujeitas a um stress hídrico acrescido durante todo o Verão. A doença da tinta vai-se agravar nos próximos anos!



Castanea sativa (Fagaceae). N.b. frutos (castanhas) em grupos de três em cada ouriço; os ouriços são deiscentes por quatro valvas; o ouriço tem origem numa cúpula que envolve três flores férteis (ver aqui); na terceria foto a contar do topo (clicar para ampliar) identificam-se no interior do ouriço três cicatrizes, correspondentes a três castanhas [fotos C. Aguiar].

A chuva humedeceu os ouriços e despoletou a deiscência dos frutos (libertação dos futos e consequente queda no solo). Se nas próximas três semanas visitarem um souto ouvirão o restolhar compassado da queda das castanhas no solo. Sem chuva, a deiscência dos frutos, sobretudo em variedades como a 'Judia', estaria em risco. Nos Outonos muito secos os produtores de castanha chegam a pulverizar com água a copa das árvores para facilitar a queda da castanha.
Por estes dias muitos bragançanos estão de férias, e os soutos enchem-se de gente a apanhar a castanha. Mais um mês e colhe-se a azeitona. São estas as duas maiores fontes de renda dos agricultores transmontanos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Viburnum treleasei (Adoxaceae)

Viburnum treleasei «folhado-dos-açores» (Adoxaceae). N.b. frutos carnudos, de dispersão ornitocórica (= dispersos por aves), como acontece com a maioria dos arbustos indígenas dos Açores [Terceira, Açores; foto C. Aguiar]

Os meus dois post anteriores versaram dois Viburnum - V. opulus e V. lantana - muito raros em Portugal, porém com uma enorme área de distribuição euroasiática e norte-africana. Estas duas espécies são finícolas no nosso país, isto é as nossas populações situam-se no limite da área de distribuição destas espécies.
Temos ainda mais dois Viburnum na nossa flora. O V. tinus, o vulgar «folhado», tem uma distribuição mediterrânica, estando presente em Portugal desde Trás-os-Montes ao Algarve, em áreas de clima mediterrânico não muito frio e com alguma oceanidade. O V. tinus é um dos arbustos mais cultivados nos jardins nacionais. O V. treleasei (= V. tinus subsp. subcordatum) é um endemismo açoreano, citado para todas as ilhas do arquipélago excepto a Graciosa, morfologicamente muito próximo do V. tinus.
O V. tinus é putativamente a espécie-irmã - i.e. admite-se que estas duas espécies partilham um ancestral comum, sem descendentes adicionais - ou a espécie ancestral do V. treleasei. A história evolutiva do V. treleasei pode, no entanto, encerrar muitas surpresas porque as relações evolutivas entre o V. treleasei e o endemismo canarino V. rigidum não foram ainda elucidadas, creio.

domingo, 4 de outubro de 2009

Viburnum opulus (Adoxaceae)

Outro Viburnum, à semelhança do V. lantana (ver aqui), em Portugal apenas conhecido das terras altas do NE de Trás-os-Montes.



Viburnum opulus «caneleiro» (Adoxaceae). N.b., as flores de maior dimensão que marginam a inflorescência são estéreis, e têm por função atrair os insectos polinizadores. Na perspectiva (à escala) do insecto polinizador, a inflorescência do V. opulus provavelmente assemelhar-se-à, ao longe, a uma flor, desempenhando as flores estéreis uma função análoga à das pétalas de uma flor [fotos C. Aguiar]

O V. opulus pode ser observado, com alguma facilidade, por exemplo, em clareiras, ou na orla, dos bosques ripícolas que marginam o Rio Tuela (concelho de Vinhais) e a Ribeira de Alimonde (concelho de Bragança). Esta espécie floresce muito cedo, no início de Abril, quando a copa de muitas das árvores da região ainda repousa sem folhas. Talvez por esta razão tenha escapado ao olhar atento dos botânicos que percorrem o NE de Portugal no último século.
Muitos dos leitores deste blogue certamente conhecerão este arbusto alto porque é muito cultivado nos jardins portugueses. Foram detectados indivíduos assilvestrado de V. opulus em algumas ribeiras do Centro Oeste (e.g. Serra de Sintra).

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Santiago Castroviejo (1946-2009)

Faleceu ontem o Dr. Santiago Castroviejo, o editor, e mentor, da Flora Ibérica, amigo de tantos botânicos portugueses. Devemos muito a Santiago Castroviejo!


NOTA DE PRENSA DEL REAL JARDÍN BOTÁNICO DE MADRID

El Real Jardín Botánico, CSIC, llora la pérdida del profesor Santiago Castroviejo Bolíbar
Jueves, 01 de octubre de 2009 | Gabinete de Prensa


La pérdida del que fuera director del Real Jardín Botánico, el profesor de investigación Santiago Castroviejo, que falleció en Madrid la noche de ayer a los 63 años tras una larga enfermedad, ha provocado una gran conmoción en la comunidad científica y en todo el personal de esta casa.

Santiago Castroviejo Bolíbar nació en Tirán, Moaña (Pontevedra) en 1946. Se doctoró en Biología por
la Universidad Complutense de Madrid (1972). En su brillante trayectoria dentro del Consejo Superior de Investigaciones Científicas, Santiago Castroviejo fue Profesor de Investigación del Real Jardín Botánico (CSIC), Director del Real Jardín Botánico durante 10 años, Director Científico del Proyecto Coiba en la Estación Biológica de Coiba (Panamá), Miembro del Comité ejecutivo y del “Steering Committee” respectivamente de los proyectos: Euro+Med PlantBase y Species Plantarum Project-Flora of the World , Presidente de la “Real Sociedad Española de Historia Natural”, Académico de Número de la Real Academia de Ciencia Exactas Físicas y Naturales y Medaille du Conseill de la Société Botanique de France, entre otras importantes distinciones científicas. Ha dirigido 19 tesis doctorales y es autor de más de 150 trabajos de investigación publicados en revistas científicas nacionales e internacionales.

La ciencia Botánica española le debe a Santiago Castroviejo, Coordinador General del Proyecto, la magna obra Flora Iberica. Según contaba él mismo en la entrevista que publicó “El Diario del Botánico” en su número 2, llegó al mundo de las plantas cuando investigaba el hábitat de los animales. Quería ser zoólogo e, investigando el medio ambiente vegetal de los animales, se quedó en
la Botánica.

Hijo del escritor José María Castroviejo, se atrevió a llenar un vacío secular de
la Botánica española. El profesor Castroviejo consiguió poner en marcha el proyecto Flora Iberica. Tras 28 años de trabajo, el proyecto Flora Iberica ha incrementado en un 20 por ciento el número de especies conocidas, ha involucrado a casi tres centenares de personas y, todavía quedan diez duros años de trabajo para culminarlo. También es obra de Santiago Castroviejo el proyecto ANTHOS, que permite encontrar en Internet información sobre las plantas españolas.

Su tenacidad, sus grandes conocimientos científicos, su dominio de lenguas extranjeras, su capacidad para la docencia y para servir de inspiración a los jóvenes investigadores y tantas otras cualidades que adornaron al Profesor Castroviejo fueron tal vez las claves de su etapa como director del Real Jardín Botánico (1984-1994). Bajo su dirección se produjo el despegue y la modernización científica de esta institución, hasta situar al RJB como uno de los centros de referencia internacionales.

En el mes de julio de este año, el Real Jardín Botánico rindió homenaje al Profesor Castroviejo dando su nombre al invernadero de exhibición, cuya construcción él impulsó, entre otras mejoras que se realizaron en esta casa bajo su dirección (años de
1984 a 1994).

El Real Jardín Botánico, CSIC, comunica tan sensible pérdida. La incineración tendrá lugar mañana, viernes 2 de octubre, a las 11:10 h, en el crematorio del cementerio de
La Almudena, en Madrid.

Descanse en paz.

Estranha companhia

Não é todos os dias que vemos uma coisa destas...

[Foto: Miguel Porto, Costa Vicentina]

À esquerda, um seedling de camarinha (Corema album), habitante de dunas, planta quase somente do litoral, habituada a lidar com os ventos carregados de salsugem e com a secura extrema dos "solos" dunares que pouco mais são do que areia.
À direita, quase passando despercebida entre os seixos, Pinguicula lusitanica, uma planta carnívora de taludes com escorrência permanente (ou quase) de água doce, outras vezes turfeiras de esfagno, por vezes já nas montanhas.
Parece que vivem a escalas diferentes. Impressiona-me a facilidade que esta planta (P. lusitanica) tem de ocupar habitats aparentemente tão diversos aos nossos olhos... mas talvez, à sua (micro-)escala de percepção do mundo, aqueles poucos centímetros, sejam afinal muito parecidos.