terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Tanacetum mucronulatum (plantas esquecidas..?)

Preocupam-me algumas plantas, que me parece que estão um bocado esquecidas. O distinto Tanacetum mucronulatum é uma delas:

Tanacetum mucronulatum [Foto: MPorto]

Tanacetum mucronulatum [Foto: MPorto]

A informação que se encontra sobre esta planta é mínima. Parece que é um endemismo ibérico, ou talvez um "quasi-endemismo" português, já que no Proyecto Anthos nos aparecem somente dois (!!) registos desta planta em Espanha.
Só o conheço na região norte de Lisboa (que deverá ser o seu limite sul de distribuição), onde aparece pontualmente em vários locais; parecendo preferir orlas de bosques (de carvalho-cerquinho - Quercus faginea subsp. broteroi) e carrascais (Q. coccifera); mas também taludes mais ou menos resguardados, sempre no meio de vegetação arbustiva. O seu aspecto é até um bocado estranho, não estamos habituados a ver flores tão exuberantes e protuberantes a emergir das moitas de carrasco. Sempre em colónias de poucos indivíduos, distantes umas das outras. É uma planta que tem algo a nos dizer... porque não aparece mais? Orlas de carrascais e bosques não faltam por aqui, e a dispersão pelo vento (anemocoria) não deve ser difícil para esta espécie. Porquê em grupos pequenos e isolados? Há alguma explicação para haver nesta sebe de carrasco um grupo de 5 indivíduos e, nas outras sebes a toda a volta, nenhum? Claro que estas perguntas se podem aplicar a tantas outras espécies...
Desconheço como será a distribuição e abundância desta planta pelo norte do país, mas, para mim, esta espécie merece ser olhada com mais atenção e mais falada! Olhando aqui para o sul, não hesitaria muito em chamá-la de "rara"...

6 comentários:

  1. Muito interessante! Penso que esta bela composta não é rara em Bragança, na Serra de Nogueira/Rebordãos e também no carvalhal do Monte de S. Bartolomeu, mas o ilustre CA poderá dizê-lo muito melhor que eu!

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  2. Não sabia que existia tão a sul, onde deve ser realmente muito rara!

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  3. Como não consegui contactar-vos por outro meio,para enviar as fotos,deixei no blogue, trepadeira-trepadeira.blogspot.com, duas imagens de uma planta,recolhidas na quinta Stº. António-Vale do Mondego-Guarda,agradecia o favor,caso seja possível,de as identificarem.

    Saudações cordiais,
    mário

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  4. Pois, Miguel, e eu que julgava que esta maravilhosa espécie tinha uma distribuição essencialmente transmontana! Aqui, a 500 km de distância da capital, encontro-a num habitat análogo ao das populações estremadurenses: solos ricos em matéria orgânica e nutrientes, de pH moderadamente ácido, na orla de bosques ou no interior de bosques pouco densos, nestes caso de Quercus pyrenaica. A Serra da Nogueira, sempre a Serra de Nogueira, é a melhor localidade para observar o T. mucronulatum no NE de Trás-os-Montes.

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  5. Fabuloso! Não mais olharei com os mesmos olhos para esta planta! Ao que parece, então a maior parte da população concentra-se aí mesmo na pontinha norte. Mas aqui em baixo ainda pode ser vista em diversos sítios.
    Que fique dito então, que a colónia mais meridional que encontramos está sensivelmente pelas latitudes de Alverca.
    Ao que parece não chega à Serra da Arrábida, mas podia chegar às vertentes norte... ora aí está uma boa coisa para "investigar".

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  6. Realmente esta planta deve ser vista com outros olhos. Embora seja comum na serra da Nogueira, é rara no NW de Portugal, sendo a Serra da Cabreira, a única localização que eu conheço desta planta no Noroeste. As populações da serra da boneca na zona de Gondomar estão provavelmente extintas. E no resto da Terra Quente não é muito abundante, aparecendo mais frequentemente na zona de Mogadouro.

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