terça-feira, 29 de março de 2011

Primula acaulis (Primulaceae)



















Esta maravilha já aqui tinha sido postada:
Das plantas e das pessoas: Primula acaulis (Primulaceae),
há quase dois anos (!!), ocorrendo-nos por isso ser tempo apropriado para a relembrar:
Primula acaulis (L.) L. = Primula veris L. var. acaulis L., de acordo com a Flora iberica vol. V: 17:
http://www.floraiberica.es/floraiberica/texto/pdfs/05_080_01%20Primula.pdf

Esta belíssima planta pode encontrar-se por exemplo em bosques da classe Querco-Fagetea e também em lameiros e nas proximidades de linhas de água, dos amieiros e dos freixos (aqui neste blog tão recentemente comentados); a sua floração assinala o início da Primavera.

Como acompanhamento musical vamos sugerir outra maravilha: "Mattäus-Passion - Kommt, Ihr Töchter, helft mir klagen", do imortal J.S. Bach:
YouTube - Bach: Mattäus-Passion - Kommt, Ihr Töchter, helft mir klagen - Otto Klemperer

domingo, 27 de março de 2011

Alnus glutinosa (Betulaceae) e alguns anatídeos




















Depois de escutarmos uma fascinante palestra acerca dos amiais e dos freixiais portugueses, parece apropriado deixar aqui esta extraordinária árvore, cujas touças consta serem quase imortais!:
Alnus glutinosa (Linnaeus) Gaertner, Fruct. Sem. Pl. 2: 54. 1790
= Betula alnus Linnaeus var. (a) glutinosa Linnaeus, Sp. Pl. 2: 983. 1753 (basiónimo)
Alnus glutinosa in Flora of North America @ efloras.org

Trata-se de uma árvore que se insere habitualmente em vegetação arbórea ou arbustiva ripícola da classe Salici-Populetea, bastante comum em Portugal. Sendo planta que aprecia muito a água, deixamos aqui cinco patinhos como acompanhamento faunístico.

Como sugestão musical, ficam hoje a belíssima Nina Persson e os Cardigans, com a excelente "You're the Storm":
YouTube - You're the Storm- The Cardigans

sexta-feira, 25 de março de 2011

Um insecto e uma genciana (Gentianaceae)


















Deixamos hoje aqui a belíssima Gentiana pneumonanthe L., Sp. Pl. 1: 228. 1753 [1 May 1753]
IPNI Plant Name Query Results
Esta planta espectacular, que se pode encontrar nalguns dos nossos arrelvados acidófilos de altitude intensamente pastados da classe Nardetea strictae, parece ser muito apreciada por vistosas borboletas:
Phengaris - Wikipedia, the free encyclopedia
Não temos fotos das referidas borboletas, mas deixamos aqui também um bonito insecto para eventual identificação pelos ilustres especialistas que frequentam este blog, agradecendo desde já!

Como acompanhamento musical, fica hoje aqui a belíssima "Silhouettes", de Paddy McAloon/Prefab Sprout:
YouTube - Prefab Sprout - Silhouettes

terça-feira, 22 de março de 2011

Nemophila maculata (Hydrophyllaceae)


Foto: Carlos Silva
No outro dia o Carlos Silva, um naturalista de mão cheia que trata a natureza por tu encontrou e identificou uma planta deveras estranha, no Castelo da Povoa de Lanhoso.
Nas suas próprias palavras "Nemophila maculata, da família Hydrophyllaceae,família esta de que desconheço haver muitas espécies ou géneros por cá. Coisa bem diferente é na Califórnia onde inúmeras espécies e géneros existem. E são belíssimas. Embora o clima chamado Mediterrânico também exista como tal na Califórnia, encontrá-la tão a norte em clima atlântico, pareceu-me extraordinário, pelo menos para mim como leigo. Mas claro, se está em Inglaterra, também pode estar na Póvoa de Lanhoso, pelos menos pela latitude. Mas tu é que és especialista para abordar questões deste tipo. Agora como chegou cá? Por emigrantes regressados da California? Possível! Haverá alguns nos arredores do Castelo ou na vila? Turistas? De propósito ou casual? Claro que depois de a ter identificado, fui ao www.calflora.org e lá a encontrei e em muitos outros sítios onde está inclusive à venda como no www.wildflowerinformation.org. Mas não creio que tenha sido por compra que foi parar à berma da estrada para o Castelo da Póvoa do Lanhoso".
O Castelo da Póvoa é daqueles locais onde os botânicos encontram coisas extremamente curiosas. Gonçalo Sampaio foi uma dos maiores botânicos portugueses, sendo também um excelente liquenólogo. Durante as suas visitas ao concelho onde nasceu,encontrou no Castelo um líquen tropical, o Erioderma mollissimum, que nunca mais voltou a ser encontrado na Europa. São por vezes inexplicáveis as maneiras como os seres vivos chegam aos sítios mais estranhos...

domingo, 20 de março de 2011

Trifolium subterraneum (Fabaceae) I

O trevo-subterrâneo é a minha planta preferida.
O que tem de especial uma pequena planta anual, prostrada e de flores inconspícuas?
Vou demorar três, ou mais posts para explicar o porquê.
Começarei pela forma e por alguns aspectos da biologia do trevo-subterrâneo. No próximo post falarei dos mecanismos de dispersão. E no seguinte explicarei porque esta planta é tão importante. Feita a soma obtemos a mais notável espécie da nossa flora.
O T. subterraneum é uma herbácea pratense indígena de Portugal. É uma indiferente edáfica, com uma clara preferência por solos derivados de substratos duros (não vai lá muito bem areias) de territórios de clima mediterrânico. Sendo uma planta anual de óptimo mediterrânico germina com as primeiras chuvas outonais. Como tem um sistema radicular relativamente superficial, conclui o ciclo de vida na Primavera quando não haja mais água no solo para consumir.
Cresce e floresce rente ao solo. A folhas apresentam três folíolos (folhas compostas trifolioladas), obcordados (com a forma de coração estilizado) e peludos, impossíveis de confundir com os de qualquer outro trevo da flora de Portugal. As flores organizam-se em pequenos capítulos axilares que facilmente passam desapercebidos.
O trevo-subterrâneo suporta bem o pisoteio e a herbivoria por animais domésticos, quer de ovelhas, quer de vacas ou burros. Os herbívoros domésticos não só deprimem potenciais competidores - a sombra de outras plantas é uma forte ameaça à sua persistência - como facilitam a sua dispersão.
A morfologia dos trevos-subterrâneos é extraordinariamente variável. Experimentem no campo, com a ajuda de uma lupa, identificar linhas de trevo-subterrâneo. Há-as com caules glabros e com caules hirsutos (e todo o tipo de estádios intermédios); ...

 ... com estípulas glabras ou peludas; com pedicelos e pecíolos glabros ou peludos; com marcas-de-água nas folhas e sem elas; com manchas vermelhas nas folhas ou não; com cálices verdes ou vermelhos ...

... e por aí a diante.
Algumas linhas começam a florir em Fevereiro, outras ainda têm flores no final de Abril. Alguns trevos-subterrâneos vivem em solos pobres e secos, e outros em solos ricos nas vizinhança de cursos de água.
A variabilidade desta planta em Portugal é vastamente grande (uma combinação feliz de palavras que não foi inventada por mim). Um património genético que nos poderá vir a ser muito útil!

[o tema fertilidade da terra ficou a meio; um dia desta voltarei ao assunto]

sexta-feira, 18 de março de 2011

Pteridium aquilinum (Dennstaedtiaceae) e mais um insecto

















Trazemos aqui pela segunda vez este extraordinário feto, uma das plantas mais comuns a nível mundial, que já aqui tinha sido abordado:
Das plantas e das pessoas: Pteridium aquilinum (Dennstaedtiaceae)
É de realçar o excelente comentário do ilustre naturalista H.N. Alves ao nosso post anterior sobre o Pteridium aquilinum, que acrescenta muita informação interessante acerca deste feto tão pirófilo e tão abundante em Portugal.
Nestas duas modestas fotos, o feto parece servir de pasto a um curioso insecto, cuja identidade desconhecemos. Mais uma vez, recorremos às capacidades entomológicas dos nossos benévolos leitores, agradecendo desde já a identificação do dito bicho, que será possivelmente um Coleóptero...

Como acompanhamento musical, vamos sugerir desta vez "In the Hall of the Mountain King", do ilustre compositor norueguês Edvard Grieg:
YouTube - Grieg, In the Hall of the Mountain King
Este nosso feto tão comum também é de alguma forma um rei da nossas montanhas...

terça-feira, 15 de março de 2011

Mais uma composta não identificada (Asteraceae)















Depois do êxito total que foi o post anterior, com uma Comelinácea (Cyanotis somaliensis C.B. Clarke, Bull. Misc. Inform. Kew (1895) 229.), um Coleóptero (Anthrenus verbasci?) e um Heteróptero (Nezara viridula), aqui fica mais um post com uma planta ornamental não identificada, desta vez uma Composta decorativa de exterior, esperando que algum dos ilustres leitores faça o favor de a identificar, o que antecipadamente agradecemos.

Como acompanhamento musical, aqui fica um fragmento de Lohengrin , que corresponde a um dos maiores êxitos do grande compositor e dramaturgo Richard Wagner:
YouTube - HEINZ TIETJEN - 1936 - Lohengrin, Vorspiel III Akt, Treulich gefuhrt ziehet dahin

sábado, 12 de março de 2011

Uma Comelinácea e dois bichos para identificação
















Depois de um fascinante post sobre a agricultura, a química, J. von Liebig e a nossa rica flora endémica ou nativa, ficam aqui dois insectos e uma planta, que nos parece ser uma Comelinácea exótica, familiar da famosa Tradescantia, para eventual identificação.
Antecipadamente, damos as graças aos ilustres botânicos e entomólogos que habitualmente nos dão a honra de visitar este blog!

Vale a pena notar que o bicho de cima, possivelmente um Coleóptero algo camuflado, está a caminhar sobre uma interessante comunidade vegetal composta por belos líquenes crustáceos!
O bicho de baixo, de carapaça esverdeada, cujo nome desconhemos mas que nos parece ser bastante comum, está situado sobre um bloco de calcário aparentemente cheio de fósseis.

Deixamos hoje aqui, como acompanhamento musical, um dos maiores êxitos do imortal J.S. Bach:
YouTube - Johann Sebastian Bach - Toccata and Fugue in D minor

sexta-feira, 11 de março de 2011

Fertilidade da terra, Eça de Queirós e von Liebig (II)

O crescimento das plantas depende da disponibilidade de recursos.
Quem faz horta sabe que a falta de água e de fertilidade da terra, ou a sombra de um prédio vizinho se pagam com baixas produções. Se rareia a água, rega-se; se escasseia o azoto, estruma-se ou aduba-se a terra; se a sombra é muita, o melhor é mudar de horta. Reparem: a falta água não se resolve fertilizando a terra, bem pelo contrário: o adubo aumenta a pressão osmótica (quantidade de sais) da água do solo e só desajuda. Se a minha horta murcha, enquanto não abrir um furo de nada me vale gastar dinheiro na casa agrícola!
O dia-a-dia das 600 gerações de agricultores que povoaram a bacia do mediterrânico desde o final da última glaciação foi condicionada por estes, ou similares problemas.
von Liebig resumiu o efeito da escassez de nutrientes no solo na conhecida Lei do Mínimo. Observações simples pedem formulações teóricas tão simples como brilhantes. Escreve von Liebig: "o crescimento das plantas é limitadas pelo elemento, ou composto, que esteja presente em menor quantidade no solo". Portanto, se as necessidades em azoto das minhas batatas estão satisfeitas, a produtividade passará a estar limitada por outro nutriente, por exemplo pelo potássio.
Para explicar a Lei do Mínimo von Liebig serviu-se de uma fantástica metáfora (imagem sacada daqui) representada na imagem do lado. Parece que ainda sobrevive uma dorna semelhante à da figura no laboratório de von Liebig.

A Lei do Mínimo tem dois importantes corolários: 1) a produção é proporcional à quantidade do nutriente limitante disponível no solo para as plantas; 2) à medida que este nutriente for adicionado ao solo os rendimentos crescem cada vez mais lentamente (rendimentos decrescentes).
Quando a curva atinge um tecto outro nutriente passou a controlar a produtividade.

Estudei esta curva quando era estudante de agronomia há vinte e cinco anos atrás. O meu professor de química agrícola insistia, é claro, no lado direita da curva. Os rendimentos decrescentes e os consumos de luxo (consumo de nutrientes pelas plantas sem reflexos na produção) eram, e por enquanto ainda são, um problema sério para a agricultura industrial. Por outras palavras: a certa altura os ganhos de produção não pagam a adição de mais uma unidade de nutriente, e a nutrição das plantas representa uma fatia substancial das contas de cultura.
E o lado esquerdo da curva?

Se o Sr. Jacinto, o coveiro do "A Capital", soubesse interpretar gráficos, se tivesse estudado funções na escola, certamente concentraria a sua atenção no esquerdo da curva. O lado da abundância, quando a curva tende para um limite, ser-lhe-ia irrelevante. A derivada a convergir para o infinito,pelo contrário, perturbar-lhe-ia o sono. Aquele súbito mergulho da curva em direcção à origem representa uma das maiores  condicionantes das tomadas de decisão, e da qualidade de vida dos agricultores orgânicos pré-industriais. Em momentos de escassez uma unidade de azoto, ou de qualquer outro nutriente limitante, valia uma vida. E essa unidade explica por que razão se reduziram a cinzas os bosques cobriam no início do Holocénico o território que é hoje Portugal, ou a dedicação de uma vida a recolher bostas de vaca pelas estradas das gândaras da região de Aveiro (vd. post anterior).

 A dominância do  Agrostis x fouilladei (Poaceae) ...







... ou das ericáceas nas serras graníticas do Norte e Centro de Portugal, por exemplo, conta a mesma história: é um testemunho de uma demanda milenar por aquela unidade milagrosa do nutriente limitante.


Erica umbellata (Ericaceae)

[continua]

quinta-feira, 10 de março de 2011

Iris pseudacorus e mais algumas flores (Iridaceae)















Ainda ninguém aqui tinha postado flores de papel (Origami)
Origami - Wikipédia,
e por isso aqui ficam as famosas flores de lis, que são tão usadas em Heráldica:
Fleur de lys - Wikipédia

Iris pseudacorus Linnaeus, Sp. Pl. 1: 38. 1753.
Iris pseudacorus in Flora of North America @ efloras.org

Trata-se de vegetação aquática ou palustre da classe Phragmito-Magno Caricetea, que aqui surge acompanhada por um pequeno cisne e algumas ervas aquáticas.

Como acompanhamento musical, nada mais apropriado que a belíssima versão de "Clair de Lune" de Claude Debussy do famoso filme "Fantasia" de Walt Disney:
YouTube - Clair De Lune

terça-feira, 8 de março de 2011

Tulipa sylvestris subsp. australis (Link) Pamp. (Liliaceae)



















Parece que ainda ninguém aqui tinha postado a nossa bela tulipa espontânea, e por isso aqui fica:
Tulipa sylvestris subsp. australis (Link) Pamp., Boll. Soc. Bot. Ital. 1914: 114 (1914).
Tulipa sylvestris subsp. australis (Link) Pamp. — The Plant List
= Tulipa australis Link in Schrad. Journ. ii. (1799) 317.
IPNI Plant Name Details
Esta planta, que se pode encontrar nalgumas das nossas montanhas, de Norte a Sul, sobre diversos substratos, em floração durante a Primavera -que está quase a começar!- parece ser bastante rara e de distribuição restrita, endémica da Região Mediterrânica, ao que supomos.
Esta ficha fornece abundante informação adicional sobre esta maravilha:
http://www.crsf.ch/fra/fiches/pdf/tuli_aust_f.pdf

Como acompanhamento musical vamos hoje sugerir "Hang on to your love" da excelente Sade:
YouTube - Sade - Hang on to your love

quarta-feira, 2 de março de 2011

Oxalis pes-caprae (Oxalidaceae)



















Enquanto a Primavera não chega, aqui fica uma verdadeira princesa do Inverno: a bela
Oxalis pes-caprae L. -- Sp. Pl. 1: 434. 1753 [1 May 1753]
IPNI Plant Name Query Results
Oxalis pes-caprae in Flora of China @ efloras.org
Trata-se de uma planta perene, também conhecida como Oxalis cernua Thunberg, que se reproduz sobretudo vegetativamente, através dos seus numerosos pequenos bolbos, podendo em certos casos tornar-se mesmo algo invasora.
Terá certamente sido introduzida pela grande beleza das suas flores amarelas que alegram os campos e os jardins nos dias frios do Inverno.

Como acompanhamento musical, vamos sugerir a excelente "I could be happy" dos Altered Images:
YouTube - i could be happy (extended)--altered images