sexta-feira, 29 de abril de 2011

Amorpha fruticosa (Fabaceae)


















Vamos postar hoje aqui uma curiosíssima leguminosa decorativa, cujas flores só possuem uma pétala, ao contrário do que é habitual nas Leguminosas típicas
Amorpha - Wikipedia, the free encyclopedia.
Esta belíssima fabácea, que talvez até já se encontre subespontânea em Portugal, é um endemismo norte-americano, embora já se encontre espalhada por outras partes do Mundo:
Amorpha fruticosa L., Sp. Pl. 2: 713. 1753 [1 May 1753]
IPNI Plant Name Query Results
Amorpha fruticosa information from NPGS/GRIN
PLANTS Profile for Amorpha fruticosa (desert false indigo) | USDA PLANTS
UC/JEPS: Jepson Manual treatment for AMORPHA fruticosa
Amorpha fruticosa in Flora of China @ efloras.org

Numa das fotos é possível observar também um insecto voador de difícil identificação, pois se encontra em pleno voo.

Como sugestão musical deixamos hoje aqui The Beach Boys - Let's Go Away For Awhile, do genial Brian Wilson:
YouTube - The Beach Boys - Let's Go Away For Awhile

domingo, 24 de abril de 2011

Orobanche latisquama (Orobanchaceae)




















Animados pelo recente comentário, postamos aqui hoje mais uma belíssima "erva toura" actualmente talvez ainda em floração, neste caso a "erva toura escamada", que se pode observar nestas fotos já antigas, provenientes do excelente Centro Oeste calcário (CW. calc.).
Trata-se da Orobanche latisquama Reut. ex Boiss., Fl. Orient. [Boissier] 4(2): 516. 1879 [Apr-May 1879]
IPNI Plant Name Details,
que pode parasitar por exemplo labiadas como o "rosmarino", "romarin" ou "romero":
Rosmarinus officinalis L., Sp. Pl. 1: 23. 1753 [1 May 1753]
IPNI Plant Name Details
ou o tomilho: Thymus zygis subsp. sylvestris (Hoffmanns. & Link) Cout.
Thymus zygis subsp. sylvestris (Hoffmanns. & Link) Cout. — The Plant List

Como acompanhamento musical vamos sugerir hoje esta bela, breve e rápida, peça musical, do imortal compositor veneziano Antonio Vivaldi:
"Gloria in D, Quoniam Tu solus Sanctus"
YouTube - Antonio Vivaldi, Gloria in D, Quoniam Tu solus Sanctus, FNOK Choir

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Orobanche hederae (Orobanchaceae)

















Esta pequena maravilha do reino vegetal, actualmente em flor, ainda não tinha aqui aparecido:
Orobanche hederae Duby, Bot. Gall. 350.
IPNI Plant Name Details
Trata-se de uma planta que aprecia as heras (Hedera sp. pl., da família Araliaceae), sobre as quais vive, parasitando-as.

Como acompanhamento musical, sugerimos hoje a excelente abertura de Cosi Fan Tutte, do grande W.A. Mozart:
YouTube - Cosi Fan Tutte (1) Overture + E la fede delle femmine

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Um abelhão + Abutilon theophrasti (Malvaceae)


















Fotografados hoje, aqui ficam um belo abelhão para possível identificação por algum dos ilustres entomólogos que visitam este blog, assim como uma bela malvácea ornamental:
Abutilon theophrasti Medik., Malvenfam. 28. 1787
= Sida abutilon L. Sp. Pl. 2: 685. 1753 [1 May 1753]
IPNI Plant Name Details

Como sugestão musical, deixamos aqui hoje um simpático e superfamoso "minuetto" (="piccolo passo")
Minuetto - Wikipedia
do grande compositor luccano Luigi Boccherini:
YouTube - Luigi Boccherini: Minuetto (classical)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os areinhos fluviais de Gaia



Fotos: Isabel Castro Freitas

Numa subida de barco que fiz pelo Douro durante esta semana fiquei a pensar na originalidade dos depósitos fluviais da parte terminal do rio Douro. Os areinhos fluviais de Gaia têm diversos motivos de interesse, desde a sua utilização como zona balnear às suas singularidades florísticas. Em termos geológicos é invulgar o aparecimento de depósitos de gravilha com aquelas dimensões nas partes terminais dos rios, já que nessas zonas a corrente costuma ser mais fraca e há uma tendência para a deposição de limos e formação de planícies aluviais. Contudo o rio Douro não é um rio qualquer e sua parte terminal é geologicamente muito recente. Ao chegar ao Porto, as suas águas ainda tem capacidade para transportar areão grosseiro, e por essa razão o estuário do rio Douro é incipiente em comparação com os estuários dos grandes rios. No estuário do Douro e nos areinhos de Gaia surgiam plantas que agora se encontram extintas em Portugal como o Juncus gerardii e a Vicia tetrasperma. Muitas dessas plantas ocorriam porque as suas sementes eram transportadas pelas águas do rio desde o canhão do Douro até à Foz. A Coronilla minima ocorria nestes areais apesar de ser uma planta dos leitos de cheia interiores, no meio de outras plantas características da Terra Quente. Indiferentes a esta paisagem invulgar, os veraneantes banhavam-se nas águas do Rio e comiam belas petiscadas como o sável assado no espeto. Os tempos são outros e algumas das singularidades deste local perderam-se para sempre.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Alyssum minutum (Brassicaceae)

Antes que a Primavera avance em demasia, interrompo temporariamente os meus devaneios sobre agricultura e plantas agrícolas para mostrar uma pequena e fugaz planta, daquelas que facilmente passam despercebidas ao botânico mais treinado e atento.
Alyssum minutum (Brassicaceae)

Este Alyssum anual faz parte de um grupo alargado de vegetais neutrófilos que povoa as rochas básicas nordestinas, e que por ali fica, não avançando mais para sul, país adentro (o A. minutum está citado para a Beira Alta mas não faço ideia para onde). Conforme se pode confirmar na foto, tem os frutos (silículas) glabros, ao contrário dos demais congéneres presentes no território Português.
O A. minutum foi colhido pela primeira vez em Portugal por Gonçalo Sampaio numa das suas memorável viagens de comboio a Trás-os-Montes. A linha do Tua chegou a Bragança em 1906. A plantas mais interessantes foram colhidas por G. Sampaio em 1904 e em 1909. Nas listas publicadas por este eminente botânico conta-se uma mão cheia de espécies novas para Portugal (e.g. Alyssum minutum, Phleum phleoides, Saxifraga dichotoma subsp. albarracinensis, Silene legionensis e Rubus genevieri), e para a ciência (e.g. Digitalis amandiana, ver aqui).

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Uma borboleta + uma Carlina: C. sicula (Asteraceae)


















Deixamos aqui hoje uma bela composta siciliana: Carlina sicula Ten.
Nomencl. ref.: Cat. Hort. Neapol. 1813, App., ed. 2: 74. 1819
(http://ww2.bgbm.org/EuroPlusMed/PTaxonDetail.asp?NameCache=Carlina sicula&PTRefFk=7000000),
acompanhada por uma não menos bela borboleta, que talvez algum dos ilustres entomólogos que frequentam este blog possa ter a amabilidade de identificar!

Como acompanhamento musical aqui fica "'Ciaccona del Paradiso e del Inferno' P Jaroussky + Arpeggiata - Pluhar, life" da excelente e bem humorada Arpeggiata, de Christina Pluhar, contando com a voz maravilhosa de Philippe Jaroussky, entre outros:
YouTube - 'Ciaccona del Paradiso e del Inferno' P Jaroussky + Arpeggiata - Pluhar, life

terça-feira, 5 de abril de 2011

Ulex europaeus (Fabaceae), uma invasora dentro de casa

Os taludes das estradas são utilizados por muitas espécies de plantas como corredores de dispersão. Só assim se explica a presença, por exemplo, do termófilo Cistus albidus (Cistaceae) a 700 m de altitude, mesmo às portas de Bragança.

O Ulex europeus destaca-se no fundo acinzentado de uma paisagem ainda invernal porque em Trás-o-Montes floresce no final de Março, início de Abril, quando a maior parte das árvores ainda nem sequer abrolhou. Primavera após Primavera, acompanhei nos últimos vinte anos a penetração do U. europaeus, desde a região de Vila-Real até ao extremo NE de Portugal, pelos taludes do IP4. Já chegou ao norte do concelho de Miranda do Douro.

 Embora seja uma espécie indígena de Portugal, o U. europaeus tem claramente um comportamento invasor no NE. Por enquanto, permanece contido nos taludes viários, não quer dizer que um destes dias não salte da vizinhança do IP4, ou das estradas que a ele têm acesso, para as terras abandonadas colonizadas por Cytisus sp.pl. «giestas».

Na Primavera, há medida que as florações se sucedem, conseguem-se detectar padrões de outro modo impossíveis de observar. Há que aproveitar que o tempo está óptimo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Trifolium subterraneum (Fabaceae) II

A biologia da dispersão do T. subterraneum é extraordinária.
Finda a ântese (floração) os pedúnculos inflectem em direcção ao solo, e enterram os frutos encerrados no interior de capítulos frutíferos semelhantes a uma bola. Cada fruto de trevo contem uma única semente. Se quisermos ser cuidadosos com os conceitos e a linguagem, o fruto dos trevos não é uma vagem, como acontece na grande maioria das leguminosas, mas sim um aquénio.

 Aquénios de  T. subterraneum (Fabaceae) encerrados num capítulo frutífero. N.b. flores estéreis brancas de cálice reduzido a uma espécie de estrela de 5 pontas

Os capítulos frutíferos de T. subterraneum apresentam-se revestidos por um grande número de flores estéreis. Esta fantástica "descoberta evolutiva" resolve de uma penada vários problemas que qualquer planta pratense que se preze teve que lidar durante a sua história evolutiva. A flores localizadas no ápice da inflorescência estão reduzidas a pequenos cones com função de facilitar o enterramento dos frutos. Os cálices das restantes flores estéreis funcionam como as farpas de um anzol: ancoram os capítulos frutíferos no solo. Este mesmo carácter permite que os capítulos fiquem retidos entre as unhas ou no pêlo dos ungulados (e.g. ovelhas e vacas), que entretanto se encarregam de os dispersar a longa distância. Os cascos dos ungulados também facilitam o enterramento dos frutos no solo. Os serviços "comprados" pelo trevo-subterrâneo aos ungulados ficam concluídos com uma copiosa fertilização orgânica. Os excrementos animais, sobretudo dos ovinos, melhoram a fertilidade dos microsítios onde germinam as sementes após a chegada das primeiras chuvas outonais.

Capítulos frutíferos de T. subterraneum

O trevo-subterrâneo exige intensidades luminosas elevadas, tem um hábito prostrado e apresenta um pico de acumulação de biomassa  relativamente tardio. Estas três características ajudam a explicar a sensibilidade desta espécie à competição por gramíneas e outras plantas de porte erecto. Intensidades elevadas de pastoreio no final do Inverno (Fevereiro-Março) são essenciais para manter elevados graus de cobertura de trevo-subterrâneo quer em prados semi-naturais, quer em pastagens semeadas. Nos solos muito húmidos as gramíneas anuais, tão abundantes nos pastos mediterrânicos, são substituídas por gramíneas perenes (e.g. Holcus lanatus). Nestas condições o trevo-subterrâneo titubeia e é substituído por trevos perenes (e.g. T. repens «trevo-branco» ou T. pratense «trevo-violeta») ou por congéneres anuais de floração alta (e.g. T. dubium). Solos compactados e pisoteados pelos grandes herbívoros domésticos, secos e duros de Verão, pelo contrário, não o incomodam. Por alguma razão, no NE de Portugal, os melhores prados de trevo-subterrâneo podem ser encontrados nos terrenos baldios situados à entrada das aldeias, onde os animais descansam ao final da tarde, depois de um extenuante e longo dia de pastoreio, antes de regressarem aos seus alojamentos.

domingo, 3 de abril de 2011

Um prado, algumas ovelhas e algumas árvores (Oleaceae, etc.)

















Não têm surgido posts neste blog, recentemente, por isso ocorreu-nos deixar aqui algo, hoje um pouco diferente do habitual.
Assim, postamos aqui hoje um prado ovelhoso, com diversas ovelhas:
Sheep - Wikipedia, the free encyclopedia
Existem também algumas árvores, que talvez os ilustres frequentadores deste blog possam identificar. Para além dos habituais Eucalyptus globulus Labill. (Myrtaceae) e Olea europaea L. (Oleaceae) -a oliveira- existem mais alguns exemplares de árvores que, embora fotografados a cerca de 1 km de distância, talvez sejam identificáveis!
Presumimos que também serão visiveis espécie de Quercus (género que inclui carvalhos, azinheiras e sobreiros) e Salix sp. (os salgueiros), para além de grandes gramíneas como Arundo sp.
Convém notar que as duas fotos aqui apresentadas foram obtidas em diversas épocas do ano: a de cima em Abril (Primavera) e a de baixo em Novembro (Outono).

Como sugestão musical, deixamos hoje a excelente Christina Pluhar e sua orquestra - e quem é que não aprecia uma verdadeira alma italiana?:
YouTube - Christina Pluhar, une âme italienne.